segunda-feira, 20 de junho de 2011

Gregório de Matos, poeta barroco do século XVII, conhecido como boca do inferno pelas suas poesias satíricas, arrasou ao poetizar a figura feminina

À mesma dona Ângela

Anjo no nome, Angélica na cara!

Isso é ser flor, e Anjo juntamente:

Ser Angélica flor, e Anjo florente,

Em quem, senão em vós, se uniformara:

Quem vira uma tal flor, que a não cortara,

De verde pé, da rama florescente;

E quem um Anjo vira tão luzente;

Que por seu Deus o não idolatrara?

Se pois como Anjo sois dos meus altares,

Fôreis o meu Custódio, e a minha guarda,

Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que por bela, e por galharda,

Posto que os Anjos nunca dão pesares,

Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

Gregório de Matos

Desenho: http://desenhoslapis.arteblog.com.br/421596/Uma-Homenagem/
Poema: http://iaracaju.infonet.com.br/users/asj/poesias.htm

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